quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O Sonho Impossível de Sônia

Sônia tinha um sonho.
O principal hobbie de Sônia era sonhar.
Sônia acreditava que podia colorir o mundo com seus lápis de cor.
Sônia gostava de brincar com as suas bonecas e imaginar um mundo onde tudo era possível, onde o mundo seria um lugar de paz, livre de preconceitos e pobreza.
E os sonhos da Sônia? ah, que maravilhas! Um mundo onde ninguém iria ter nenhum problema pra fazer novos relacionamentos, um mundo onde todos respeitariam o sinal de trânsito, um mundo onde ninguém teria de se preocupar com o peso de si mesmo.
Simples assim.
Nunca saberemos se ela realmente acreditava em seus sonhos ou se era uma válvula de escape para fugir do preto-e-branco da realidade.
Sônia não se importava, Sônia não desistia. Ela apontava os lápis, passava canetinha nas bordas e continuava a pintar mesmo assim.
No mundo de Sônia, o Sol tinha olhos e boca, e as nuvens também! No mundo de Sônia a Lua mais parecia um queijo parmesão e as chaminés das casas produziam mais nuvens.
No mundo dela, haviam bichos e monstros que a assustavam, mas logo logo o super pai ia lá quebrar a cara deles.
Ah Sônia...
Em seus desenhos ninguém chorava, era só alegria e festa. Ah Sônia...
Sônia nunca gostou da realidade.
Aos poucos a realidade foi machucando ela, ano após ano ela se tornou cada vez menos sonhadora e cada vez mais realista e astuta.
A realidade matou Sônia.
O mundo não estava pronto para ela a tempo, o mundo nunca a mereceu.
Sônia nunca se preparou pro mundo, Sônia sempre o quis colori-lo.
Sônia está morta. Ela, seus sonhos, seu mundo e seu desenho se desmoronaram.
Hoje, Sônia é só mais uma Sônia. Ela sempre será mais uma Sônia agora.
Mas a pergunta é: Quem matou a Sônia? Será que foi a realidade mesmo?
Não.
Nós matamos Sônia. Nós matamos a Sônia que tínhamos em cada um de nós.

Mas Sônia nunca se arrependeu de ter sido assim.

Era tão bom fazer de conta que tudo aquilo era verdade.

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